Na minha última postagem comentei sobre os discos intervertebrais.
Relembrando: os discos ficam entre uma vértebra e outra servindo como amortecedores e permitindo movimentos da coluna. Eles são compostos por uma parte externa mais resistente e fibrosa (o ânulo fibroso) e outra parte interna gelatinosa (chamada núcleo pulposo).
Qual a relação que existe entre a lombalgia e a doença do disco? Esta pergunta é mais complicada do que pode parecer a princípio.
Com o processo de envelhecimento o disco desidrata, diminui de espessura e sofre outras alterações na sua forma e função. Os métodos modernos de imagem (como a ressonância magnética) permitem acompanhar essas alterações no disco de forma bastante detalhada. O problema é que ainda não está totalmente claro, quais alterações fariam parte de um processo de envelhecimento normal e quais alterações seriam patológicas (relacionadas com doença).
Na verdade a pergunta que se faz não é bem esta, mas sim, quais alterações do disco causam dor lombar e quais não têm nenhuma relação com a lombalgia que o paciente está sentindo? Esta pergunta é muito importante porque muitas destas alterações acontecem, de forma bastante frequente, em pessoas que não tem, nem nunca terão dor nas costas.
Apesar do fato da lombalgia ser uma das doenças mais comuns da humanidade, o processo de degeneração discal ainda não foi suficientemente estudado. No entanto, este cenário está mudando. Nos últimos anos estamos acumulando novos conhecimentos que devem mudar a maneira de diagnosticarmos e tratarmos da lombalgia e da patologia do disco.
Por enquanto fica a mensagem: O perigo está em considerar um disco com alterações nos exames como a causa da dor em pacientes que sofrem de lombalgia crônica, acreditando que a cirurgia do disco irá resolver o problema. Nem sempre este é o caso, aliás, na maioria das vezes é exatamente o contrário.
Portanto, não se assustem desnecessariamente, com o que vier escrito nos laudos dos exames de imagem. Nem toda degeneração do disco é um sinal de gravidade de doença. O diagnóstico de casos de lombalgia crônica requer uma avaliação especializada e cuidadosa e sem conclusões precipitadas.